segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

16 de dezembro - uma data importante para o Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG)


Hoje é um dia muito especial para todos nós que amamos o Instituto de Educação de Minas Gerais - IEMG. Há exatos 113 anos, o então Presidente do Estado de Minas Gerais, João Pinheiro, regulamentou o ensino normal através do Decreto n°1.960, de 16 de dezembro de 1906. Este decreto foi importantíssimo para que a nova Escola Normal da Capital fosse instalada em Belo
Horizonte, no ano de 1907 acompanhando o conjunto da reforma da instrução primária.
O dia de hoje representou um passo importante na criação da primeira escola normal oficial da República. A Escola Normal Modelo foi a semente para a construção de toda a moderna educação mineira.









Pedagogia por projetos: uma prática inovadora.


Pedagogia por projetos: uma prática inovadora.
Texto de Ronaldo Campos


Fotos do projeto de educação patrimonial - realizado no IEMG (2017)



Nos últimos anos no Brasil, em todos os níveis da educação formal, observamos o crescimento do processo de ensino aprendizagem a partir de projetos. Apesar de ser um tema bastante difundido, ainda há muitos dúvidas com relação a chamada pedagogia por projetos. A expressão “metodologia de projetos” (ou “método de projetos”” apareceu pela primeira vez nas obras de John Dewey (1916) e William Kilpatrick (1918) que estavam inseridas no mocimento da “Escola Nova”. No Brasil, foi Anísio Teixeira que introduziu essa questão com o movimento “ensino para todos” com forte influência da movimento escolanovista.
Esta  prática pedagógica pode ser definida como uma proposta metodológica que busca desenvolver no aluno competências e habilidades – tais como autonomia, criatividade, análise, síntese e o poder de decisão – que garantam um bom desempenho pessoal, acadêmico e profissional. Além disso pode contribuir na criação de condições necessárias para que ocorra o protagonismo juvenil considerado por muitos como uma exigência desse mundo globalizado e conectado. O educando deve-se descobrir como sujeito no processo histórico, inserindo a educação como um momento do processo de humanização.
Pelo fato do foco dessa proposta estar no aluno, o professor deve fazer uma mediação pedagógica que quebre com a estrutura rígida e vertical, onde cabe ao aluno apenas escutar e obdecer. O diálogo deve ser horizontal partindo da realidade do educando, das suas vivências. O professor não é mais nem a fonte do conhecimento nem o transmissor de um saber livresco. Isto porque (devido a amplitude quase infinita do conhecimento produzido na modernidade, das limitações humanas, do tempo e dos recursos disponíveis) ele não consegue dominar todo “o conhecimento”. Ele precisa provocar no aluno – devidamente instrumentalizado com técnicas e métodos de pesquisa – o desejo, a curiosidade para  investigar, problematizar, argumentar, saber correlacionar, produzir, resolverr problemas, ir para além dos conteúdos, criar e projetar. Encontrando sentido naquilo que estão estudando. Assim, o professor deve criar as situações de aprendizagens e as mediações necessárias para que os alunos possam encontrar o sentido daquilo que estão estudando. Devendo ser capaz de aprender a conhecer, aprender a fazer; aprender a viver e aprender a ser.
Neste sentido, a sala de aula também se transformou. Nao é apenas o espaço e o tempo. É a própria relação estabelecida entre as partes envolvidas no processo de ensino aprendizagem. É o contexto onde são combinados conhecimento e trabalho em equipe visando encontrar soluções para problemas concretas e\ou significativos para o aluno.
Por esta razão, a metodologia por projetos é uma forma de aprender partindo de questões reiais e complexas apresentadas pelo cotidiano dos envolvidos no processo de ensino aprendizagem. O que permite por sua vez a construção de uma aprendizagem significativa, onde, o aluno encontrará um sentido no seu objeto de pesquisa. Para isto ele precisa de ter uma consciência crítica articulada à prática que, por sua vez, é desafiadora e transformadora. O que significa que quando o aluno aprende algo novo, ele tem acesso  a um conhecimento que se relaciona de forma substantiva e não arbitrária a um determinado aspecto da sua estrutura cognitiva.  É uma metodologia que possibilita a prática reforçar a teoria. E esta sendo construída a partir da prática.

A educação no mundo atual cada vez mais tem que responder as necessidades e os desafios propostos pelo indivíduo, pela família, pela sociedade, pelas políticas nacionais e internacionais. Os desafios da escola são cada vez maiores e mais complexos. Neste sentido, a instituição escolar tem que propor novas formas de ensinar, de produzir o conhecimento e de avaliar a partir de uma dimensão mais formativa. Buscando uma formação integral do aluno. É importante que o educando se torne mais ativo neste processo e que o conhecimento tenha um significado e uma aplicabilidade maior para ele. Buscando concretizar esses novos caminhos, o Instituto de Educação de Minas Gerais realiza constamente projetos que buscam essa educação mais dinâmica, significativa e formativa.










Fotos projeto História Oral realizado no IEMG (2016-2018) nas aulas de história (professor Ronaldo Campos)

Aula Magna – uma experiência surpreendente

Aula Magna – uma experiência surpreendente


O mundo atual é marcado por uma tecnologia cada vez mais avançada, pela globalização e pela grande velocidade de transmissão de dados e informações. Apesar de tamanha transformação, na maioria das vezes, a educação e, consequentemente, a aula (o dia a dia escolar) de muitos brasileiros continua reproduzindo práticas tradicionais e ultrapassadas. Isto significa que a escola está distante da realidade do aluno.
Para modernizar as práticas pedagógicas não basta apenas introduzir ou investir em novos equipamentos tecnológicos. Pois, a tecnologia é o meio e não o fim em si mesma. É uma mera ferramenta de apoio. Para inovar a prática docente com aulas dinâmicas, atrativas e interdisciplinares, é fundamental transformar a prática do professor e repensar o papel da educação no mundo contemporâneo.
Nos dia 23 de setembro de 2018, no Grande Teatro do Palácio das Artes (Fundação Clóvis Salgado) a supervisão e os professores do terceiro ano do ensino médio do Instituto de Educação tiveram a oportunidade de participar de um importante evento pensado dentro dessa perspectiva de inovação pedagócia. Trata-se da “Aula Magna – Enem 51”. Evento organizado pelo colégio e pré-vestibular Chromos que contou com uma plateia composta por mais de 1700 alunos, os professores do Chromos realizaram uma palestra interativa e dinâmica com o objetivo de compartilhar novas experiências e valores.
A “Aula Magna” não é uma paletra acadêmica tradicional. É um evento interdisciplinar que abordou na perspectiva de uma “sala de aula ampliada” os cinco eixos cognitivos do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) utilizando de forma criativa vários elementos midiáticos, pedagógicos e teatrais

Antena: um jornal independente e interestudantil

Texto e pesquisa: Ronaldo Campos
Na época da produção do terceiro número da Revista Pedagógica do IEMG, recebemos com muita satisfação um exemplar de um jornal estudantil publicado no início dos anos sessenta do século XX. A doação foi feita por Maria Vicente, ex-aluna e irmã de nossa queridíssima e saudosa, Rosa Maria Ribeiro Vicente.
Antena foi um jornal de estudantes publicado em 1961. Possuia uma linha editoral bastante independente e buscava realizar a intermediação entre alunos e diretores\professores das escolas envolvidas. O períodico tinha uma proposta audaciosa ao propor um trabalho interestudantil  reunindo alunos de várias instituições, a saber: colégios de Aplicação, Estadual, Municipal e Instituto de Educação. Foi um espaço para a discussão de temas importantes. Contou com amplo apoio da sociedade e do comércio da capital mineira visto a grande quantidade de anúncios apresentados logo na primeira edição.
O jornal Antena foi uma proposta que rompeu com o projeto de um jornal escolar tradicional ao não se restringir apenas a uma instituição de ensino. Esta experiência pedagógica foi bastante inovadora ao propor situações de ensino e de aprendizagem mais abrangentes que iam além do conteúdo específico das disciplinas regulares. Assim, quando as alunas saiam de sua escola para entender a escola do outro(a), tornava-se possível conhecer e interagir com a cidade, com os seus habitantes e os principais problemas. O que também possibilitou, de certa maneira, complementar as atividades regulares que aconteciam no dia a dia escolar. Isto por que por meio de discussões, análise de textos diversos, notícias, seção feminina, coluna de cinema, reflexões sobre a arte e ações das quais os alunos daquela época participavam, sempre podemos encontrar tanto um “olhar” para a sociedade e para os seus mecanismos como um outro “olhar” centrado na discussão das relações entre eles, nos interesses e nas necessidades de todos que participaram do jornal Antena.
De acordo com a equipe responsável pela edição, o jornal Antena nasceu “da própria ânsia de liberdade e sentimento de independência”. Sendo o resultado de um longo processo que teve início no dia a dia das alunas: “nasci, como todos, pequeno; fui jornal mural, depois mimeografado. Agora cresci, tornei-me intercolegial. Nao serei mais, de agora em diante, o jornal “O pica pau”, a seriedade de minha nova missão fez-me mudar de nome. Agora sou ‘Antena’.
Nesta primeira edição, destacam-se três momentos. O primeiro é a reportagem de capa sobre o IEMG intitulada “Instituto: um mundo em miniatura”. De acordo com o texto, o Instituto de Educação, dirigido pelo professor José Mesquita de Carvalho, possuia cerca de 4.500 alunos. A gestão da escola foi avaliada naquela época como excelente pela unanimidade de docentes e discentes. De acordo com a matéria, “à direção atual se deve o perfeito entrosamento entre alunos e mestres [...].” Destacando como ponto alto da instituição a formação de novas professoras. Em 1961, o IEMG tinha “17 turmas, sendo 7 do 1º ano e as 10 restantes igualmente entre o 2º e o 3º.” Sobre as alunas, o periódico nos informa que “ as moças são responsáveis pela maioria das atividades do estabelecimento, tais como: conferências, exposições, teatro e agora um conjunto musical que muito promete.” Como um órgão independente, o jornal Antena chama atenção para os problemas do IEMG: a má gestão da cantina, os problemas da gráfica e o estado precário de alguns móveis de madeira. Esta matéria é finalizada com uma entrevista dada pela aluna Juerma C. Brant Ribeiro, presidente do Conselho de Estudantes do Instituto de Educação, onde, ela explica como foi o processo eleitoral; a função, objetivos e; as suas principais propostas para conduzir o Conselho.
A leitura do primeiro número do jornal Antena também nos possibilita ter acesso aos primeiro artigos de profissionais importantes do jornalismo e da crítica literária brasileira. Na página 02, destaca-se um texto opinativo sobre o problema fundiário no Brasil escrito pela jovem Sônia Maria Viegas. Um texto corajoso e bem fundamentado em autores como Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Júnior.
Sônia Maria Viegas Andrade (1944-1989) anos mais tarde vai se destacar como professora do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG. Autora do belo "A vereda trágica do Grande Sertão: Veredas" (Edições Loyola, 1985), que recebeu o Prêmio "Cidade de Belo Horizonte", da Prefeitura Municipal. Criou e dirigiu o Núcleo d
e Filosofia, publicou artigos em diversos jornais e revistas a capital mineira e brilhou nos cursos e sessões comentadas do Savassi Cine Clube. Postumamente, foram publicados os livrosCinema comentado (1990), Amor e criatividade (1994), Mito (1994).
Outro destaque do jornal Antena é a coluna de cinema assinada pelo jovem estudante Boris Feldman. De modo sintético e bem elaborado, ele destaca a produção dos primeiros filmes dos irmão José Haroldo Perreira e Maurício Gomes Leite.

Muito antes de cursar engenharia na Universidade Federal de Minas Gerais e de escrever a sua primeira coluna sobre automóveis para a sucursal mineira do jornal “Última Hora”. Provavelmente, este é um dos seus primeiros textos publicados. Boris Feldman é formado em engenharia e comunicação. Trabalhou como engenheiro na fábrica de motores “Metal Leve” por vinte anos. Editou vários cadernos de automóveis em jornais diários. Comandou o caderno Vrum do jornal Estado de Minas por aproximadamente 34 anos. Mais tarde produziu o programa com o mesmo nome para a TV Alterosa\SBT transmitido em rede nacional. Isto sem esquecer os inúmeros programas de rádio produzidos e apresentados por ele. 

Amae Educando: uma revista que marcou a educação brasileira






Amae Educando: uma revista que marcou a educação brasileira


Texto e pesquisa: Ronaldo Campos



O prédio da rua Pernambuco, número 47, no bairro Funcionários, área nobre da capital mineira, é o berço de muitas histórias: foi construído originalmente para abrigar o Ginásio Mineiro; foi a sede do Tribunal de Relação (hoje Tribunal de Justiça de Minas Gerais); abrigou a Escola Normal Modelo; foi o espaço de atuação da professora e escultora belga Jeanne Louise Milde; viu nascer o curso de Administração Escolar do Instituto de Educação de Minas Gerais, transformado em 1970 no curso de Pedagogia do Instituto de Educação de Minas Gerais, transformado em 1994  na Faculdade de Educação da Universidade do Estado de Minas Gerais,
Dentre todas essas histórias, uma completou cinquenta anos em 2017. Estamos falando da revista Amae Educando que possui uma trajetória vitoriosa. Resultado da perseverança e do grande empenho de todas as pessoas envolvidas, a revista foi criada no Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG), no ano 1967, por alunas que cursavam Administração Escolar. Tendo por objetivo de informar o professor sobre as reformas políticas e propostas de programas de ensino e curriculares, apresentando em suas páginas as evoluções das teorias e atendendo as demandas pedagógicas do professorado. Com a adesão de outras colegas do curso, foi criado a Associação Mineira de Administração Escolar (AMAE), que em 1989 se transformou em Fundação Amae para Educação e Cultura. Sempre acreditando o papel transformador da educação na contribuição para definir o futuro do país e do mundo.

A revista Amae Educando se transformou em um dos períodicos mais importantes da área. Atualizando-se constantemente e mantendo junto ao professor na sala de aula, promovendo jornadas pedagógicas, encontros, congressos nacionais, cursos, oficinas, assessorias e publicações. Mesmo com a todas as crises econômicas e políticas das últimas décadas, durante mais de quarenta anos, conseguiu manter uma circulação nacional efetiva, voltado para os profissionais da área, e conta com a colaboração de especialistas de todo o País.




Apresentação de Ângela Machado Teles para o número 5 da Revista Pedagógica do IEMG

Texto de apresentação do número cinco da Revista Pedagógica do IEMG, escrito por Ângela Machado Teles, especialista responsável pelos terceiros anos do ensino médio do Instituto de Educação de Minas Gerais - IEMG

A Revista Pedagógica do IEMG nasceu no Instituto de Educação de Minas Gerais em agosto de 2012 sob forte influência de projetos e eventos desenvolvidos desde as comemorações do primeiro centenário de criação da Escola Normal Modelo de Belo Horizonte (1906-2006) sob a orientação de Ângela Machado Teles, Ronaldo Campos e Rosa Maria Vicente Ribeiro. A parceria estabelecida com o Chromos – Colégio e Pré Vestibular foi fundamental para o sucesso deste projeto.
A proposta desta Revista é dupla, a saber: em primeiro lugar, buscamos resgatar o passado com base no estudo e nas pesquisas de fontes históricas variadas (materiais, escritas, iconográficas e orais). Em segundo lugar, divulgar os trabalhos desenvolvidos pelos nossos alunos e professores durante o ano letivo. A revista publica textos de professores do Instituto de Educação de Minas Gerais, de alunos e de colaboradores de outras instituições de ensino ou de pesquisa, que dialogam com o debate sobre as questões educacionais\pedagógicas e os estudos sobre a memória, história, patrimônio e cultura da cidade de Belo Horizonte.
Acreditamos que ao rememorar o passado, não estamos apenas evitando esquecer o que já foi vivido. A memória aqui não é vista como um relicário nem reduzida a um mero sonho ou devaneio. É, pelo contrário, o espaço do imaginário e da recriação da nossa condição como seres históricos. Ao recuperar e conservar a nossa história, podemos compreender de forma mais clara os problemas do presente e pensar em bases mais sólidas e realistas nossas futuras ações.
Com a Revista Pedagógica do IEMG, buscamos construindo um processo onde cada aluno, professor e funcionário do IEMG tem o orgulho de fazer parte e de preservar essa história. Pois, acreditamos que aqueles que deixam o passado desaparecer não terão capacidade de compreender o presente e construir um futuro.

Desejamos a todos uma boa leitura.

Convite
Reforçamos aqui, mais uma vez, o convite para que todos enviem os seus trabalhos para a
REVISTA PEDAGÓGICA DO IEMG: A correspondência deve ser endereçada à Rua Pernambuco, 47 – Bairro Funcionários \ Belo Horizonte – MG. Aos cuidados de Angela Machado Teles e Ronaldo Campos (Editores da Revista Pedagógica do IEMG) - E-mail: revistapedagogicadoiemg@gmail.com. O Blog da Revista Pedagógica do IEMG é  http://iemg2012revistapedagogica.blogspot.com.br/2012/09/a-revista-do-iemg.html





Cheguei! Graças ao apoio e a confiança do grupo Chromos Colégio e Pré, o número cinco da nossa revista está pronto.
Mais informações no e-mail revistapedagogicadoiemg@gmail.com. 


domingo, 13 de outubro de 2019

IEMG: um pouco de história (texto e pesquisa de Ronaldo Campos)












O Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG) é uma escola tradicional de grande destaque no cenário estadual e nacional. Responsável pela formação de muitas gerações de mineiros. É uma das maiores escolas da rede estadual de Minas Gerais atendendo a educação infantil, o ensino fundamental, o ensino médio, o magistério pedagógico e a educação de jovens e adultos. Localizado atualmente no bairro Funcionários, no quarteirão central que se extende da rua Pernambuco à rua Paraíba, da rua Timbiras à avenida Carandaí, tem a sua origem na fundação da Escola Normal Modelo, pela Lei nº 439, de 28 de setembro de 1906. Instalada oficialmente na capital mineira no no mês de março de 1907 sob a direção de Aurélio Pires e responsabilidade e fiscalização do Secretário do Interior, na época, Manuel Thomaz de Carvalho Britto.
A criação da escola normal da capital se insere dentro de uma ampla reforma da instrução primária que buscava um novo profissional, técnico e competente, pois, de acordo com o relatório do governo apresentado pelo Secretário do Interior, Delfim Moreira, os professores mineiros que atuavam naquela época não possuiam uma formação adequada. Sendo impressindível “

[...] melhorar as condições de capacidade profissional do futuro professor, não seria desacertada a criação nesta capital, de um instituto normal superior, estabelecimento modelo, calcado sob os melhores moldes, destinado a servir de tipo ou paradigma aos outros estabelecimentos iguais, criados ou equiparados, e a preparar professores para as escolas singulares das cidades, as grupadas que fossem instituídas e as normais inferiores (MINAS GERAIS, 1905, p.123).

Seu edifício de alto valor artístico e histórico foi concebido para ser o Gynasio Mineiro. O projeto original é de autoria do desenhista e arquiteto Edgar Nascentes Coelho e sua execução de Francisco Soucasseaux, Aurélio Lobo e Bento Medeiros. Adotou o espírito do estilo oficial utilizado para as edificações da época em que se projetou a nova capital: um ecletismo mesclado com elementos neoclássicos e de outras escolas artísticas. A construção teve início em 1897 e finalizada no ano seguinte, “mas o prédio teve outra função. Foi destinado pelo governo para a instalação do Tribunal de Relação e demais departamentos do fórum” (CAMPOS, 2012, p.08) Em 1909, a Escola Normal Modelo foi transferida para o prédio do Tribunal de Relação, na rua Pernambuca, 47. De 1926 a 1930, foi realizada uma ampla reforma desse prédio quando foi apresentada a nova fachada desenhada pelo arquiteto Carlos Santos, o mesmo do Grupo Escolar Pedro II.  Em 1946, pela Lei Orgânica do Ensino Normal - Decreto-Lei n. 8.520, de 2 de janeiro, a Escola Normal Modelo passou a ser designada de Instituto de Educação do Estado de Minas Gerais (IEMG) e a Escola de Aperfeiçoamento foi substituída pelo Curso de Administração Escolar (CAE) ministrado a partir de então pelo IEMG. A nova instituição escolar passava a ter por função atuar na formação de professores para o ensino normal e para a ocupação de cargos da administração do ensino estadual.

Por essa lei, os novos institutos de educação deveriam englobar do jardim de infância até a especialização para professores primários e a habilitação em administração escolar. Essa lei é parte integrante das reformas instituídas por Gustavo Capanema. Na década de 50, ocorreu um incêndio provocado por um curto circuito, iniciado na biblioteca geral, destruindo o Grupo Escolar de Demonstração do IEMG. Reconstruído e inaugurado dois anos depois. O CAE funcionou no Estado de Minas Gerais entre os anos de 1946 a 1969. No final da década de 60, foi extinto pela lei nº. 5.540/1968, sendo substituído pelo curso de Pedagogia do Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG). De 1970 até 1995, funcionou como instituição vinculada à Secretaria de Estado da Educação. Em 1995, passou a integrar a FaE/CBH-UEMG e o IEMG foi equiparado às outras escolas estaduais, mas foi mantido o Curso Normal de Nível Médio (conhecido como Magistério) com o objetivo de formar profissionais para atuarem na educação infantil.

A história oral no ensino médio - um projeto de intervenção pedagógico nas aulas de história


A formatura das normalistas nos anos dourados do Instituto de Educação T





Texto e pesquisa Ronaldo Campos (Professor do Instituto de Educação, Mestre em Filosofia pela UFMG)





Todos os anos os alunos e alunas do terceiro ano do ensino médio são tomados por um sentimento de ansiedade muito grande. Afinal, é o ano de conclusão da educação básica. Um momento de decisão, onde cada um terá que escolher o seu caminho. As festas e as cerimônias de conclusão do ensino médio são muito mais do que meras comemorações, uma vez que marcam o fim de um ciclo e o começo de novos desafios. É uma espécie de ritual para o desenvolvimento do jovem-adulto. É o momento que o aluno concluinte do ensino médio percebe que terá que se preparar para as novas fases a vida adulta. Mas é o ano também do baile de de formatura no belíssimo salão do Mix Garden. Uma festa cheia de glamour e muita animação. Contudo, os mais velhos recordam com muita nostalgia os bailes de antigamente.
Em tempos passados, na cidade de Belo Horizonte, no Instituto de Educação de Minas Gerais (na antiga Escola Normal Modelo), as comemorações e festividades da formatura tinham início com a missa solene e era seguido da colação de grau e do baile de formatura reuniam onde se reuniam moças das famílias mais tradicionais e abastadas da capital e do estado. Estes momentos foram ricamente registrados pela imprensa da época. O jornal “Minas Gerais”, órgão oficial do nosso Estado, todos os anos realizava uma detalhada cobertura dos eventos referentes a formatura das normalistas da Escola Normal Modelo. Assim, todo o estado ficava ciente dos acontecimentos: a missa, a colação de grau e o baile de formatura.
Partindo de uma pesquisa realizada no setor de periódicos da Biblioteca Luis de Bessa (Praça da Liberdade, Belo Horizonte - MG) em jornais mineiros do início do século XX descobrimos um outro mundo, uma outra época. Embora o significado das formaturas permaneçam, a forma como elas eram realizadas era bem diferente. O relato que se segue foi retirado dos jornais Minas Gerais.
No final dos anos de 1930, a escola localizada na rua Pernambuco, 47 se chamava Escola Normal Modelo. Minas Gerais era governado por Benedito Valadares. Considerado pelos seus contemporâneos como “uma árvore frondosa que deu muitos frutos”. Foi indicado como interventor por Vargas, depois tornou-se governador do estado. Permaneceu quase doze anos no poder. Neste período contribuiu para forjar ícones da modernidade mineira, como por exemplo, o complexo da Pampulha,o  Minas Tênis Clube e o Grande Hotel de Araxá. No seu governo, a educação teve um grande destaque e a Escola Normal Modelo  desempenhou o papel de principal protagonista no processo de transformação de estrutura de ensino do estado. Isto explica o destaque dado pela imprensa e pelo governo a todas as cerimônias e festividades ligadas às normalistas.
Todas as festividades a partir da década de 1930 tinha início com a missa solene das formandas que era realizada na Igreja de São José. De acordo com os jornais da época, comparecia “o que de mais fino e seleto possuía a Sociedade Belo-horizontina.” A cerimônia religiosa era acompanhada por uma orquestra de professores que executava uma magnífica seleção de música sacra. Em 1933, de acordo com o jornal “Minas Gerais”, a missa foi finalizada por um belo sermão no púlpito do padre da matriz de Belo Horizonte, da igreja de São José, Álvaro Negromonte, que destacou os principais deveres da jovem educadora no meio social.  
Em seguida, dias depois da cerimônia religiosa era realizado no auditório da Escola Normal uma sessão solene para a entrega dos diplomas. O auditório da Escola Normal era o palco de todas as solenidades mais importantes. Segundo o jornal “Minas Gerais de 11 de dezembro de 1938, o auditório na colação de grau, ficava com a sua lotação esgotada. Era um evento importante não só para o Instituto de Educação mas também para o governo do estado. O que pode ser exemplificado pela própria composição da mesa no ano de 1938. Estavam presentes inúmeras autoridades. Como por exemplo, Cristiano Machado (Secretário de Educação de Minas Gerais), Eliseu Laborne (Diretor do Departamento de Educação do Estado), D. Antônio José dos Santos (bispo da cidade paulista de Assis), entre outros.
Transmitida pela rádio PRI-3, a sessão solene foi iniciada com a execução do Hino Nacional por uma orquestra sinfônica. O discurso da oradora, senhorita Filomena Mesquita Lara, destacou a importância do ensino que era ministrado e a dedicação de todos os professores. Também prestou homenagem ao paraninfo da turma, o doutor Cristiano Machado. O seu discurso terminava dizendo: “Que desça sobre vós em abundância – Pais e mestres queridos – a benção de Deus pelo bem que nos desejais, pelo bem que nos fizestes. E eu quisera encontrar neste momento frases bem expressivas, palavras que pudessem sintetizar meus sentimentos, Mestre querido – professor Firmino Costa, ao entregar-vos as despedidas, as saudades, os protestos de gratidão e de amizade das normalistas de 1938. Vossos preceitos, vossos conselhos de pai, de sábio e de Mestre, irão conosco; aí encontraremos as normas do dever e da honestidade. Partiremos, seguiremos mundo afora porém não vos esqueceremos! Quando quisermos personificar diante de nossos alunos de amanhã o homem de caráter o homem de honra, o homem de talento, o homem de bondade. Teremos sempre presente aos olhos de nossa imaginação a figura excelsa de Firmino Costa.  [...]
Queridas colegas de turma. Amanhã, cada uma de nós terá seguido seu destino diferente. Serão ditosas muitas! Mas a lembrança dos dias felizes vividos nesta casa de paz e amor – onde D. Maria José, nossa querida diretora foi para nós a mão carinhosa, a irmã dedicada, a amiga confidente que nunca esqueceremos – essa lembrança será um oásis delicioso onde descansaremos da luta e buscaremos o alento para prosseguir. Missão sublime, missão grandiosa, missão augusta a nossa! Invoquemos de contínuo a Deus para não desmerecermos nunca, do alto propósito em que estamos – trabalhar por um Brasil grande, forte e respeitado – dentro do amor de Deus!”
O discurso da oradora da turma de normalistas de 1938 demonstra a importância dos professores na sua formação profissional. Pois, ao longo da sua vida escolar, a normalista (o aluno\a aluna) teve o professor (a professora) como modelo de referência sobre como pensar e agir. No seu discurso, a senhorita Filomena Mesquita Lara, demonstra que naquela época as pessoas tinham uma enorme crença no poder transformador da sociedade. Destaca também a qualidade e a especificidade do ensino ministrado pela Escola Normal Modelo da capital mineira. Os professores dessa instituição rompiam com o que tradicionalmente era feito ao propor uma educação que ia além da reprodução imediata daquilo que estava nos livros. O processo de ensino-aprendizagem já privilegiava um certo diálogo entre teoria e prática. Além disso não era esquecida a sua dimensão ética. Pois, acreditava-se que o melhor ensino era aquele realizado através de exemplos visto que  não é viável ensinar alguma coisa que você não pratica em sua vida.
Nesta mesma cerimônia, o paraninfo Dr. Cristiano Machado disse: “Estas festividades de diplomação nos cursos profissionais são sempre um misto de transbordamento de alegria juvenil, de antecipação de saudades e já domínio de severa interrogações. Que satisfação maior podereis esperar na vida escolar do que a que vos proporciona este dia em que todas vós estais, em sublimação de vossos afetos, no reconhecimento pelos vossos mestres e na compreensão da bondade e inteligência que conquistastes! Vencestes uma grande e nobre etapa sobre a qual me permito também fixar ligeiras considerações, algumas delas ligadas a esta casa, velho solar renovado, cujo ambiente de majestade arquitetônica não contraria, mas anima e dá esplendor a vida que aqui se vive. Nele penetrastes apenas transposto o curso primário e ainda sob o calor materno que aqui vistes estendido no carinho e no zelo de vossos professores e de vossas professoras, que, como o primeiro, vos ensinaram a ser mestras [...]”.
Após a cerimônia solene de entrega dos diplomas, ocorreu, às 22 horas, no aristocrático e tradicional Automóvel Clube de Belo Horizonte, o baile que a diretoria da Escola Normal oferecia às normalistas da turma de 1933. O baile era animado por uma sofisticada orquestra e se prolongava até o início do dia seguinte.
Esta pesquisa pode ficar ainda mais rica quando nos voltamos para os registros fotográficos. Há em arquivos públicos e privados um tesouro inestimável que foi pouco estudado. A história da Escola Normal Modelo e do Instituto de Educação, em virtude do seu prestígio, foi amplamente registrada a partir de fotos deste a sua fundação. Tais imagens são verdadeira “máquinas do tempo”. Pois, registraram a moda, os costumes e as solenidades da época. Mas, este é o assunto para ser apresentado em um outro post.

16 de dezembro - uma data importante para o Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG)

Hoje é um dia muito especial para todos nós que amamos o Instituto de Educação de Minas Gerais - IEMG. Há exatos 113 anos, o então Preside...